ATENÇÃO!
Até o sexto mês de vida o bebê deverá ser alimentado exclusivamente com o leite materno. Ele não precisará de água ou chás. Qualquer mudança nessa regra deverá ser feita com orientação do seu pediatra.
Criança e gordura
O bebê gordinho é bonito. Mas a criança pequena obesa é um problema que não deve ser descuidado pelos pais, porque a obesidade é uma doença e pode ser uma doença grave.
Há três graus de obesidade, segundo os endocrinologistas: a leve, a moderada e a grave. Leve é aquela em que a criança tem de 20 a 49% a mais do que o seu peso ideal; na moderada a criança tem mais do dobro do seu peso ideal.
A obesidade infantil não pode ser tratada apenas com proibições ou restrições alimentares, com dietas inventadas na família, sugeridas por parentes e amigos ou publicadas na imprensa. A obesidade da criança só se cura com um diagnóstico que identifique as razões do problema, e com uma bem planejada terapia interdisciplinar, capaz de permitir que ela perca peso sem perder a saúde, o prazer de comer e de ser criança.
Em um encontro no Rio, em 1995, sobre endocrinologia pediátrica, o Dr. Robert Suskind (da Universidade de Louisiana, em Nova Orleans) disse que a criança gorda tem problemas psicológicos, mesmo quando não aparenta e quando é alegre e brincalhona. Em quase todos os três mil casos que já examinou, os gordinhos têm um problema de auto-imagem e de auto-estima. E eles precisam de exercícios físicos. Por isso mesmo sugere que o caso seja sempre entregue a um endocrinologista pediatra que tenha na equipe um psicólogo, um nutricionista e um preparador físico.
Segundo ele, assim que os pais perceberem que a criança pesa mais do que o normal, devem imediatamente procurar um médico, que dará uma orientação terapêutica específica. É importante ressaltar que cada criança apresenta um tipo de problema, que será tratado adequadamente de acordo com o seu estágio de obesidade , seu índice de massa corporal e seus níveis de colesterol.
Na infância podem estar os primeiros sinais de futuros problemas cardíacos: a criança gorda, segundo o cardiologista Carlos Scherr, costuma ter níveis altos do chamado mau colesterol (o LDL) e níveis baixos do bom colesterol (o HDL). No adulto, esse desequilíbrio aumenta os riscos de formação de placas de gordura nas artérias e o consequente infarto. Pouca gente sabe, mas crianças também sofrem de infarto, especialmente as muito gordas.
A aterosclerose do adulto tem suas raízes na infância. Por sua vez, há uma base genética que predispõe níveis altos de colesterol na infância. Hábitos alimentares errados vão desencadear ou agravar o problema. Níveis altos de colesterol LDL predispõem à aterosclerose.
É bom reconhecer que há fortes elementos genéticos e/ou constitucionais na predisposição à obesidade. Cabe ao pediatra ou ao especialista encontrar as estratégias mais adequadas para lidar com o problema. A criança gorda tem muita fome e gosta mais das coisas que mais engordam porque está geneticamente programada para isso. A que está programada para ser magra tem pouca fome; e os baixinhos tem menos ainda.
Cada caso exige uma avaliação cuidadosa porque há muitas causas para as variações do normal, tanto no peso quanto na estatura.
A idéia, muito comum, de que a criança gorda emagrecerá na puberdade, sem esforço é falsa. Sem reeducação alimentar, só 30% dos gordos infantis perdem peso na puberdade. Como a obesidade é um problema de saúde, quanto mais cedo for enfrentado, melhor para a criança que, além de ser vítima da implicância e dos apelidos, geralmente rejeita a própria imagem, tem baixa auto-estima, foge das atividades físicas e corre o risco de diabetes, hipertensão e problemas cardíacos.
Para emagrecer a criança precisa estar motivada. Vítimas do fast-food, ela precisa estar bem informada para aceitar um programa (e não uma simples dieta obrigatória) baseado no tripé nutrição, atividade física, acompanhamento psicológico.
A criança precisa de incentivos e de estímulos para participar do tratamento e deve ser capaz de calcular, sem a ajuda dos adultos, quantas calorias está consumindo ao comer um hambúrguer ou uma pizza.
Os pais devem estar alertas para os exercícios físicos indispensáveis: até a puberdade, nenhuma criança deve fazer exercícios que forcem as articulações ou a coluna, o que quer dizer que as artes marciais não são para criança. Caminhadas longas são melhores do que qualquer esporte, mas o esporte ajuda a motivar a criança.
Várias pesquisas indicam que crianças que passam muitas horas vendo televisão ou jogando no vídeo tem mais tendência a engordar. É que a atividade metabólica fica reduzida, a criança não queima as calorias que come e acaba engordando.
Caminhar, pedalar, nadar e correr são os melhores exercícios. Uns 15 minutos de caminhada já queimam 77 calorias (o equivalente a um ovo cozido). Pedalar 28 minutos queima uma fatia de pizza de mussarela, 180 calorias. Nadar durante 10 minutos queima 106 calorias, uma garrafa média de refrigerante. E correr seis minutos queima as mesmas 106 calorias.
Para a criança, o melhor é caminhar e pedalar, atividades aeróbicas em que o movimento contínuo não força as articulações, sendo ideais para qualquer idade. Nadar é a atividade predileta dos gordinhos, mas não se pode deixá-lo abusar para não ficarem com problemas nos ombros. Correr é mais adequado para adolescentes, por causa do impacto.
É muito importante que os pais de gordinhos aprendam a administrar a própria ansiedade, para que não se transformem em fonte de tensão para os filhos que precisam emagrecer. A pressão psicológica sobre a criança pode causar um efeito negativo: a criança se frusta por não ter o padrão físico desejado pelos pais e acaba comendo compulsivamente, por pura ansiedade, engordando cada vez mais.
O apoio psicológico, para os pais e para a criança é importante, porque ajuda a controlar a ansiedade e as tensões, facilitando também mudar padrões de comportamentos que engordam.
COM SABOR E POUCAS CALORIAS
A obesidade é o resultado de um desequilíbrio: muita energia é consumida (em forma de alimento) sem um gasto equivalente. Ou seja, a pessoa não consegue queimar as calorias obtidas através da comida. O organismo, então, transforma o excesso de calorias em gordura.
A criança que, desde cedo, estabelece um padrão de superalimentação, pouca atividade física e obesidade corre o risco de apresentar sérios problemas de saúde no decorrer da vida. Como doenças cardíacas e diabetes.
O consumo exagerado nos fast-food, ricos em calorias, mas com pouquíssimos nutrientes torna o pequeno mal-alimentado. Afinal, ele precisa de nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento, ou seja, de proteínas, carboidratos e vitaminas, encontrados nos alimentos frescos e integrais.
Os hábitos alimentares da família podem ser também uma das causas de obesidade em crianças e adolescentes. Refeições muito fartas, lanches a toda hora e muitos doces contribuem para que os filhos passem a comer em excesso.
Com alguns cuidados, você pode ajudar seu filho a manter o peso e, o mais importante, a não descuidar da saúde:
•Para liberar as toxinas do organismo, incentive-o a beber pelo menos oito copos de água por dia.
•Dietas-relâmpago não dão certo. Pular uma refeicão também não. Quando o corpo recebe uma quantidade menor de calorias, automaticamente desacelera o ritmo empregado para queimá-las. O organismo age dessa forma a fim de conservar e usar todosos nutrientes.
•Alimentos integrais e ricos em nutrientes costumam satisfazer o apetite. O pequeno descobrirá que fazer regime é mais fácil quando segue uma dieta saudável. Quando há produtos integrais no cardápio os níveis de glicose são mantidos e o desejo de comer é minimizado. Enquanto isso, os níveis de energia permanecem altos.
•Ajude-o a diminuir o consumo de alimentos com aditivos, conservantes ou açúcar, bem como chocolate, refrigerantes, cafeína e doces.
•Sirva um café da manhã balanceado, que inclua cereal feito de grãos integrais moídos. Isso mantém os níveis de açúcar no sangue e, de quebra, dá uma sensação de saciedade.
•Ao comprar produtos industrializados, verifique no rótulo o número de calorias por porção, bem como o conteúdo de gordura, açúcar e sódio.
•Monte um cardápio que inclua verduras, legumes, frutas e grãos integrais. As hortaliças devem ser cozidas no vapor ou cruas.
•Evite pratos cremosos, com recheio ou molhos gordurosos. Não use muita manteiga, óleo, maionese ou molhos.
•Use panelas de teflon para dispensar o óleo.
Como os gordinhos, geralmente, comem muito e depressa, uma das técnicas é fazê-los comer com a mão contrária: esquerda para os destros e direita para os canhotos. A dificuldade de manipulação leva-os a comer menos e a perceber que não precisam de tanta comida.
É importante saber que as gorduras, inclusive o colesterol, são importantes para o organismo, especialmente para as crianças, que precisam dela para completar a formação do sistema nervoso. Níveis abaixo do normal são prejudiciais. Cabe ao médico encontrar a justa medida, que para a maioria das crianças é a dieta normal, do dia-a-dia. Só para as crianças com problemas de predisposição genética é que talvez sejam necessárias dietas especiais, sempre sob orientação médica.
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