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Eu vim aqui para melhorar a imunidade de meu filho...

 Esse é um dos desejos mais comuns das mães nos consultórios pediátricos. Por ser tão frequente, vamos esclarecer a questão: não há como aumentar a imunidade que é normal (e não doença), nem através da alopatia (medicamentos), nem através da homeopatia. Explicando melhor: existe um quadro de saúde caracterizado como imunodeficiência, que é uma doença, mas há também o quadro conhecido como imunidade baixa, que é mais um dos mitos da medicina (assim como achar que usar muita vitamina C protege contra resfriados e gripes - é mito!).






Entendendo o sistema imunológico










A palavra imunidade vem do latim immunitas (palavra usada para designar a isenção de taxas que se oferecia aos senadores romanos). Com o tempo, o significado se transformou e virou "proteção contra doenças", mais especialmente contra as infecto-contagiosas. Afinal, nosso corpo tenta se defender, de diferentes formas, dos diversos agentes agressores (vírus, bactérias e fungos, por exemplo).






Para começar, alguns agentes físicos, como cílios, pelos, muco e líquidos corporais, são obstáculos visíveis na tentativa do corpo de neutralizar esses agentes, que são destruídos por células que temos em nosso corpo destinadas a essa função.






Quando esses mecanismos (imunidade natural) falham ou existe uma agressão mais específica (antígenos que vão gerar um tipo de resposta do nosso corpo), entra em ação uma imunidade mais específica (imunidade adquirida), composta pelos anticorpos com nomes bem diferentes - linfócitos T, B, plasmócitos.






Esse é o nosso sistema imune, que garante proteção contra as infecções. Assim, quando algum (ou alguns) desses mecanismos não está funcionando bem, poderemos ter um quadro de imunodeficiência ou um defeito do sistema imunológico. Trata-se de uma doença que pode nascer com a gente - não é contagiosa, mas pode ser transmitida de forma hereditária (genética) de pais para filhos.






Como suspeitar de um quadro de imunodeficiência primária na criança?






Ter muitos resfriados, corrimentos, herpes e sapinho, por exemplo, pode ser sinal de uma queda de imunidade? Normalmente não. Há 10 situações que são observadas pelos médicos para avaliar a saúde da criança. Sem pelo menos alguma dessas características, não há razão para maiores preocupações:






1. Duas ou mais pneumonias no último ano.


2. Quatro ou mais episódios novos de otite no último ano.


3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses.


4. Abscessos de repetição ou ectima.


5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia).


6. Infecções intestinais de repetição / diarréia crônica.


7. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune.


8. Efeito adverso à vacina do BCG e / ou infecção por micobactéria.


9. Manifestações clínicas sugestivas de síndrome associada à imunodeficiência.


10. História familiar de imunodeficiência






O que não indica queda de imunidade?










- Muitos resfriados: mesmo que sejam muito frequentes, eles não indicam imunodeficiência.










- Viroses (olha elas aí de novo): as crianças pequenas (até os 3 anos de idade, em média) apresentam seu sistema imunológico imaturo, o que pode facilitar a aquisição de viroses, principalmente quando se frequenta a creche. Mas isso também não significa que exista alguma queda da imunidade.






- Herpes labial ou genital de repetição, corrimentos: esses quadros estão muito mais relacionados a estresse e hábitos de vida do que à queda de imunidade.






Como é feito o diagnóstico de imunodeficiência?






A suspeita inicial tem que ser sempre clínica. Além disso, há testes laboratoriais (alguns gerais e outros mais específicos) para avaliar a nossa imunidade. Nunca se auto-medique - e nunca se "auto-desmedique". Essas práticas interferem demais na avaliação médica para a pesquisa e tratamento de qualquer tipo de alteração da saúde.






Os quadros de imunodeficiência têm tratamento?






Tudo depende de quando é feito o diagnóstico e do tipo de quadro. Em algumas situações não há condições e em outras nem necessidade de tratamento específico. Mas, mais uma vez, a decisão deve ser médica. Antibióticos, imunoglobulinas para repor anticorpos e vacinação são consequências do acompanhamento médico. Assim, lembre-se: em caso de qualquer doença, procure o médico.






Por: Dr. Yechiel Moises Chencinski é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, especializado em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo e em Homeopatia pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia (CEPAH). Site: www.drmoises.com.br. Twitter: @doutormoises








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