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Depressão Pós-Parto

Ao contrário do que frequentemente é divulgado, não é normalmente causada por desequilíbrios hormonais. Só com uma visão muito redutora e pouco científica se poderia achar que um estado de Depressão desta envergadura, que é caracterizado por pensamentos pessimistas, tristeza profunda, alta de confiança nas próprias capacidades, falta de ânimo para cuidar do próprio bebé, dependeria de uma mera questão de hormonas.

A Depressão é caracterizada por um estado mais ou menos exagerado de desmotivação, actividade diminuída, pensamentos pessimistas em relação a si própria e ao meio circundante e ao futuro. Esta Depressão de maior profundidade precisa de um longo historial de vida que a justifique. Ela não nasce do nada e num só momento. E a realidade é que ela só é observada em mulheres que, mesmo sem terem sofrido de Depressão anteriormente, já tem uma construção de personalidade fragilizada e por isso mais propensas a estados depressivos.

As causas que levam à Depressão não são imediatas, isto é, vão-se desenvolvendo ao longo da vida e dependem das experiências (mais penalizantes) de vida da pessoa (desde a infância), do ambiente familiar (é um ambiente que promove a autonomia e o bem-estar? Ou é um ambiente castrador e emocionalmente frio?). Desta forma, todos os acontecimentos exteriores, sejam eles quais forem, apenas desencadeiam o acentuar de estados pré-depressivos que já fazem parte da pessoa, ou melhor, da forma como se foi estruturando ao longo da vida.

Em termos reais, as pessoas acabam por acreditar que a Depressão foi algo que lhes aconteceu naquele momento, e que foi determinada por algo exterior, como por exemplo um problema hormonal.

Ainda existe muito folclore e mitologia em redor do que é a Depressão. Mas uma coisa é certa: ela não é algo que se apanha de um momento para o outro e não é causada por um só acontecimento. Surge como consequência de acontecimentos vários e ao longo da fase de desenvolvimento e formação da personalidade (infância e adolescência). Se esta recém-mamã já for uma pessoa algo fragilizada, porque no seu historial de vida a sua educação ocorreu de tal modo que não lhe permitiu construir-se com uma imagem de solidez e força perante a adversidade (sentir-se uma pessoa segura de si e das suas capacidades), quando chega à altura de ser mãe, o que implica grande responsabilidade, irá sentir-se incapaz, e aí invoca a resposta que acredita ser a única possível: a postura depressiva. A postura de «quem não é capaz» e assim fica-se num estado de desânimo e inactividade.

Tudo isto se passa a um nível inconsciente, do não pensado ou racional. Estas mulheres não escolhem ter esta atitude, não é má vontade, como alguns acham. Estas mamãs não têm os recursos necessários para que reajam de outra forma. E por isso se diz que estão com uma Depressão Pós-Parto, que é real e incapacitante. Se pudessem escolher de certeza que escolheriam estar bem, confiantes e felizes com o seu bebé. Agora juntemos a esta propensão - que foi sendo desenvolvida ao longo da vida e não genética - todos os receios e dúvidas que normalmente surgem a mente da recém-mãe, nomeadamente a capacidade para cuidar do bebé, ser uma boa mãe, ser capaz de manter a relação com o pai da criança, sentimento de falta de apoio, etc. Neste caso, tornam-se muito mais difíceis de suportar, porque são acrescidos de um sentimento de incapacidade e desvalia muito profundos e enraizados e, por isso, mais difíceis de dissipar. E temos, deste modo, instalado um quadro depressivo profundo, com consequências na relação da mãe com o bebé. Esta não é qualitativamente a mesma que poderia ter sido, caso a mãe estivesse mentalmente disponível e feliz.

Por isso a Depressão Pós-Parto não é um capricho. Ela é realmente um drama para quem a vive. E todos - psicólogos, médicos, enfermeiros, família, pai da criança - só têm de mover as capacidades para ajudar.

O que fazer?

Além do recurso que se recomenda à família e pessoas próximas, é igualmente necessário procurar ajuda profissional. A forma mais eficaz de se conseguir ganhar força (estima pessoal) para se enfrentar os acontecimentos, que levaram a reagir depressivamente, e com possibilidade de os ultrapassar é a terapia psicológica (psicoterapia).

Não oferece soluções mágicas (um comprimido que faz desaparecer as dificuldades da vida). A Psicoterapia explora as razões de ordem emocional que causam a perturbação e tem como objectivo devolver a capacidade de se reconstruir de modo emocionalmente saudável. É um processo terapêutico profundo e relativamente demorado. Todavia, com resultados mais consistentes. A terapêutica com medicamentos anula os sintomas por substituição ou compensação neuro-química-cerebral. No entanto, revela-se insuficiente, pois não trata as razões emocionais profundas, permanecendo, essas, intactas e prontas a actuar assim que termina a acção do medicamento.

A forma saudável de estar na vida passa por não esperar que tudo corra bem. É ter capacidade para suportar as coisas negativas que a vida nos traz - porque vão sempre existir coisas negativas -mas depois tentar resolvê-las e continuar em frente. A psicoterapia ajuda as pessoas a ganharem esta capacidade de enfrentar a realidade e criar estratégias para resolverem os seus problemas. Ou melhor, desbloquearem em si esta capacidade que foi sendo inibida e amordaçada ao longo de anos.

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