Por Letícia Félix
Mais de três milhões de crianças na América do Norte têm problemas de audição. No Brasil, não existem dados a esse respeito, mas estima-se que seja um número semelhante, apesar de a população ser menor. Dessas crianças, aproximadamente 45% (1,4 milhões) têm menos de três anos de idade. Neste Dia Nacional da Audição, 10 de novembro, saiba como cuidar e estimular este sentido do seu filhote.
Quem pensa que o desenvolvimento da audição começa após o nascimento está muito enganado! Na barriga da mamãe, o pequeno já pode reconhecer e perceber sons. Na 13ª semana de gestação, ele os percebe por meio da vibração na pele. Na 17ª semana, já é capaz de ouvir um pouco do que se passa dentro e fora do corpo da mãe. Por volta da 20ª semana, distingue a voz materna. Ao nascer, a audição está pronta, mas não madura o suficiente.
Fique de olho
Falhas auditivas podem ser notadas bem cedo, permitindo, em alguns casos, um melhor diagnóstico. Fique atenta aos sinais manifestados no comportamento da criança que não se interessa por brinquedos barulhentos ou que os manipula com muito ruído. Isso também vale para aquela que, entre 12 e 18 meses, não aumenta seu vocabulário ou não atende quando é chamada pelo nome.
Sem crises!
Lembre-se de que cada criança tem um ritmo diferente de desenvolvimento, e de que constantes visitas ao pediatra garantem um melhor acompanhamento do crescimento do seu filhote. Respeite o tempo do seu filho e ajude-o sempre com brincadeiras.
Teste da orelhinha
O exame consiste na colocação de um fone (acoplado a um computador) na orelha do bebê. Este fone emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do pequeno produz. Ao contrário do teste do pezinho, o teste da orelhinha é indolor!
Por lei, hospitais e maternidades públicos do Brasil são obrigados a realizar o teste gratuitamente. Ele dura aproximadamente 10 minutos e é feito enquanto o bebê dorme, naturalmente. Não deixe de fazer esse teste no seu filho!
Fala e audição de mãos dadas
Para o aprendizado da linguagem, é fundamental que a criança tenha uma boa audição. Isso é superimportante já que as crianças aprendem a falar ouvindo. A maior parte do desenvolvimento da linguagem infantil ocorre nos primeiros dois anos da vida dela. "Se um problema de audição não for detectado até a criança entrar na escola, ela já terá o desenvolvimento psicológico e pedagógico comprometido", explica a pedagoga Carol Pinheiro.
Para fazer em casa
Procure testar a audição do seu bebê constantemente. Você precisa e deve continuar a fazer testes com ele em casa. Sua criança pode ter indício de perda auditiva, então fique atenta quando ela:
➜ Não se assusta, move, chora ou reage a barulhos e sons inesperados.
➜ Não desperta com barulho.
➜ Não move sua cabeça em direção ao som da sua voz ou de outros.
➜ Não imita naturalmente o som que ouve.
Use o bom-senso
É normal que as mamães se desesperem com reações inesperadas dos bebês. Portanto, pegue leve! Mesmo que seu pequeno possa ouvir algo imediatamente, se isso não interessá-lo em tal momento, ele pode não dar atenção ao que foi dito. Aprenda e entenda esses acontecimentos, continuando a testar a audição dele.
Estimule!
Incentive as formas de comunicação e os sentidos do seu filho. Assim, você o ajudará a desenvolver o raciocínio e a independência. Por isso, é de extrema importância que o tempo da mamãe com o bebê seja prazeroso e de constante ensinamento.
Cada fase, uma novidade
Veja o que a criança faz a cada etapa da vida:
Até os três meses: acorda com bastante barulho.
Dos três aos seis meses: olha e se vira em direção às vozes.
Entre seis meses e um ano: tenta reproduzir o que ouve através de sílabas como "mã-mã".
De um a dois anos: fala palavras comuns, interagindo com os adultos.
Cinco passos para manter a boa audição de seu bebê
1. Conversem!
Faixa etária: do nascimento em diante.
Escute e fale com a sua criança durante todo dia sem se importar com o tipo de resposta. Quando você fala com ela, está mostrando como usar os lábios e a língua. Aprenda o significado do choro e dos gestos do seu filho. Ouça os sons que ele faz e observe a maneira com que ele se move.
Dê nomes às cores e às coisas que são vivenciadas no dia a dia do bebê. Cumprimente-o toda vez em que o ver, repetindo o nome dele. Essas conversações podem parecer em vão, mas são importantíssimas. Passam confiança e fortalecem os laços entre mãe e filho.
2. Cante!
Faixa etária: do nascimento aos três anos.
Cante para e com o seu bebê. Quando ele estiver acordado, cante com voz suave e melodiosa. Isso ajuda a acalmá-lo. Durante as atividades diárias, como a alimentação, a troca de fraldas e o banho, as cantigas de ninar são um alento para ele. Desse modo, o pequeno aprenderá que a comunicação dele com você é importante.
3. Leia!
Faixa etária: do nascimento em diante.
Nada estimula mais a inteligência de uma criança do que escutar você falar. Por isso, leia livros ilustrados com figuras e desenhos, ensinando-a sempre! "Deixe o bebê olhar todas as ilustrações à vontade e sem pressa. Além de ser um ótimo momento em família, estimula a criatividade", orienta a pedagoga.
4. Imite os sons
Faixa etária: do nascimento aos três anos.
Brinque de imitar o zumbido de um avião ou o latido de um cãozinho. Gravar os sons que ele faz aos três meses de idade e a cada três meses da vida pode ser muito divertido. Mostre-lhe os sons, fazendo com que ele se divirta ouvindo a si mesmo.
5. Ensine o bebê
Faixa etária: do nascimento aos três anos.
Diga a ação, como "sorria", e faça o gesto do sorriso. Ele aprenderá a imitá-la. Mostre os objetos dizendo o nome e para que servem.
Cuide-se!
Um bom pré-natal e a saúde da mamãe podem ajudar a prevenir problemas de audição. Na gestação, sífilis, herpes, toxoplasmose e rubéola podem causar surdez no bebê. Histórico hereditário por parte dos pais, também. Por isso, consulte seu médico e procure conhecer as deficiências da família.
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