Dias antes...
O agito que transformaria a minha vida com a chegada da Amanda, minha primeira filha, já começou antes do nascimento. A ansiedade que toma conta dos últimos dias é algo indescritível. A noite anterior ao nascimento foi de insônia. Peguei-me vendo todos os filmes da TV e, quando vi, já estava colocando as malas no carro. Por sinal, malas que já estavam feitas há pouco mais de um mês.
A espera interminável
Ao chegar ao hospital, um misto de tensão e felicidade. A única coisa que eu conseguia pensar é que, em breve, minha filha estaria em meus braços. A Gisele, minha esposa, já havia entrado para a sala de cirurgia, e eu aguardava a autorização do médico para entrar. A espera ao lado de outros futuros pais parecia interminável. Todos, naquela pequena, sala gastavam as solas dos sapatos de tanto andar em círculos.
Na sala de parto
A aposta geral entre os familiares era a de que eu não aguentaria e nem entraria na sala de tanto nervoso. Alguns até apostaram que eu conseguiria entrar, mas que desmaiaria logo em seguida. Mas, ao entrar na sala de cirurgia, não pensei em nada a não ser no bem-estar de minha esposa e minha filha. Aguentei ali, firme e forte, gastando o dedo de tanto tirar fotos do parto e da minha pequena, que nasceu saudável, com 2,875 kg e 47 cm.
O primeiro colinho
A sensação de pegar sua filha nos braços pela primeira vez é algo que eu recomendo. A cara dos avós, irmãos, cunhados, tios e amigos na sala de espera, aguardando a sua saída e a chegada do bebê ao berçário, é outra coisa engraçada de se ver. Todos com a mesma ansiedade e o mesmo sorriso no rosto, alguns até com lágrimas nos olhos. Normal, a Amandinha é linda!
Prazer de conhecer
No hospital, começamos a ter os primeiros contatos com a nova vida e os jeitos da Amanda. Ver sua filha abrir os olhos pela primeira vez e imaginar que ela sabe que você é o pai que cantava e conversava com ela, até mesmo, bem antes de ela nascer (quando ela ainda estava na barriga e só conseguíamos ver pelo exame de ultrassom) é muito bom.
Exames, vacinas e boas novas!
Ainda no hospital, a Amanda foi submetida a exames de rotinas para ver se ela nasceu 100% perfeita. Todos os dias em que entrava um médico no quarto, a gente ficava na expectativa para conhecer os resultados dos exames. Apesar de ver que ela estava bem, sempre é bom ter a confirmação. Também foi no hospital que ela tomou suas primeiras vacinas e, segundo o médico, terá de ser vacinada pelos próximos meses até ela completar um ano de idade.
Na maternidade, é mais fácil
Como diria um amigo meu, o hospital é um hotel que esconde muito o que será da sua vida assim que chegar à casa. E é isso mesmo! No hospital, não ficávamos com medo de fazer algo errado, já que sempre tínhamos a enfermeira para recorrer. Era um curso básico: ensinar a mãe a dar de mamar; e o pai a colocar para arrotar após cada mamada. Na última hora, a gente aprende a dar banho, mas isso a gente só percebe que será difícil quando chega à casa e precisa fazer tudo sozinho.
Welcome home
É chegando à casa que realmente temos o contato com a realidade da vida que escolhemos a partir de agora. Por isso, se você pode contar com uma ajuda experiente, não dispense. A presença das avós foi importante para que a gente conseguisse encontrar uma rotina viável para se dedicar ao bebê e continuar a vida, já que eu precisava voltar ao trabalho. A presença delas durante as noites nos trazia maior tranquilidade, uma vez que as noites, como a gente sabia, já não existem mais. Outro fator importante foi contar com uma esposa que se revelou uma mãe dedicada e atenciosa.
As primeiras cólicas
Mesmo com tudo isso, é claro, eu não fiquei livre de noites em claro provocadas por fortes cólicas. Da primeira cólica, a gente nunca se esquece. Você vê sua filha gritando sem parar e luta para achar uma posição que alivia a dor. Uma fórmula mágica seria bem-vinda, mas, na sua inexistência, vale recorrer a uma compressa com fralda quente contra a barriga do bebê e, em casos extremos, a uma volta de carro. Acredite. Funciona!
Os primeiros banhos
O banho da Amanda, nos primeiros dias em casa, era um grande evento. Eram necessárias três pessoas para um simples banho. Uma para segurá-la, outra para ajudar a passar o sabonete líquido, e outra para pegar a toalha e secá-la. Na primeira vez em que eu dei banho nela, foi meio parecido. Pedia ajuda a minha esposa para passar o sabonete e o xampu. Mas foi uma experiência bem divertida, após a tensão inicial, é claro.
A primeira troca
Após o banho, chegou a hora Com ela deitada no trocador, peguei a fralda, a pomada, o algodão e a água quente. Pronto! Era a minha vez de trocar a fralda. Ela não parava de mexer as pernas e eu estava com medo de segurá-las. Mas, aos poucos, fui ganhando confiança, passando água com algodão e, depois, a pomada. Coloquei a fralda limpa e fechei o body. Por falar em body, como é difícil colocá-lo em um bebê! Passar a roupinha pela cabeça é mais difícil do que parece. Encontrar um modo de segurar a cabeça e passar a roupinha com firmeza só acontece com o tempo mesmo.
Amor e preocupação
No primeiro mês, tudo o que o bebê faz causa preocupação. Mas é importante tentar manter a calma e entender que tudo isso faz parte do amadurecimento da sua filha. Essa fase de adaptação é algo difícil de descrever, mas ver a ligação que a mãe tem com o bebê é a coisa mais linda e mágica do mundo.
Capaz de ficar sem comer o dia todo, sem dormir nem descansar, apenas para ficar ao lado do nenê garantir o conforto e a segurança é algo que a mãe faz sem pestanejar.
Cansaço: um estado natural
A exaustão nesse primeiro mês era algo inevitável. A gente se entregou de corpo e alma nesse mês e ficamos bem cansados. Quando o telefone tocava e a possibilidade de alguém ir nos visitar em casa surgia, o coração acelerava, afinal, a gente só queria aproveitar os momentos de sono da Amanda para dormir também ou, no mínimo, conseguir assistir à televisão.
Amamentar: uma missão
A Gisele teve pouco leite e logo recorremos ao leite em lata. Foi outro fator que nos deixou um pouco apreensivos, pois não sabíamos como a pequena reagiria. Com algumas marcas, ela não se acostumou, até que a pediatra recomendou um leite especial sem lactose. Foi assim que ela começou a ter mamadas mais tranquilas, com um pouco mais de refluxo, mas nada que comprometesse o desenvolvimento dela.
Ser pai é mais do que amor
Durante esse primeiro mês de Amanda na nossa vida, muita coisa mudou. Dormimos menos e temos o dobro de preocupação, afinal, é uma vida que está em nossas mãos. Mas é um momento mágico e muito especial. Lembro, no início, quando ia contar aos amigos que ia ser pai, do que muitos diziam: "Prepare-se! Você vai saber agora o que é gastar dinheiro e não dormir".
Bem, hoje, se alguém me disser que vai ser pai, eu digo: "Prepare-se! É o melhor sentimento do mundo".
FOLHA.COM
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