O dia tão esperado se aproxima e é hora de escolher a forma pela qual o pequeno chegará ao mundo. Se por um lado a rápida recuperação do parto normal e a ausência de cicatriz a seduzem, por outro, o medo da dor e o desejo que o filhote chegue em segurança podem pesar na opção pela cesariana. De fato, o Brasil é campeão mundial em realizações da cirurgia.
"Em 2006, 42% dos nascimentos realizados em hospitais conveniados ao SUS (Sistema Público de Saúde) eram cesáreas. Nos hospitais da rede privada, a taxa alcançava 90%", constata Fábio Roberto Cabar, doutor em obstetrícia e ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP).
O Ministério da Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam cirúrgicos. "Essa porcentagem se deve ao fato de que, teoricamente, teríamos uma taxa de 15% de complicações intraparto que justificariam a intervenção cirúrgica ou mesmo gestações de alto risco nas quais seria necessário o parto cesariano para não incorrer em risco de morte para mãe e/ou bebê", explica Edílson Ogeda, ginecologista e obstetra do Hospital Samaritano, em São Paulo. Por que, então, é cada vez maior o número de cesáreas realizadas nas maternidades do país?
Mitos e questões culturais costumam ser a resposta para essa questão. "O medo da dor, o perigo de ter que sair de madrugada para dar a luz, o receio de não encontrar seu médico na hora que precisa ou não chegar ao hospital a tempo são algumas das preocupações que levam as mulheres a optarem pela cirurgia", opina Cássio Sartório, ginecologista e obstetra do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, no Rio de Janeiro. "Além disso, hoje, a mulher, em geral, trabalha fora e precisa se organizar para ter seu filho. Portanto, ela gosta de poder programar sua gravidez, sabendo exatamente o dia e a hora do nascimento da criança", acrescenta Luciano Patah, ginecologista e obstetra do Hospital Sepaco, em São Paulo.
É importante salientar a questão dos planos de saúde. "Os convênios médicos remuneram o especialista igualmente (independentemente do tipo e da duração do trabalho de parto). Desta forma, para o médico particular (ou de convênio), pode ser muito mais cômodo marcar a cirurgia, saber exatamente a hora e o dia em que precisa fazer o atendimento, sem precisar acompanhar todo o trabalho de parto", pontua Fábio.
Escolhendo um parto seguro
Diante de tantos impasses, escolher a forma em que se dará a luz não é tarefa fácil. E quando a segurança do bebê é um dos quesitos mais importantes, a cesariana costuma ser o parto escolhido, mas os especialistas alertam: "Não existe um tipo de parto mais seguro para todas as crianças. Cada caso deve ser avaliado individualmente por profissional qualificado e as decisões devem ser tomadas juntamente com a família", afirma Fábio. "Ainda que de uma forma geral o parto normal seja mais indicado por contribuir para que o bebê expulse o excesso de líquido pulmonar ao passar pelo canal de parto, diminuindo os riscos de transtornos respiratórios, nem sempre ele é o parto mais seguro", revela Edílson.
Em alguns casos, o parto cesariano torna-se, até mesmo, a única opção. "Quando há risco materno e fetal, hipertensão arterial grave da gestante, o feto encontra-se em posição transversa ou a mulher apresenta mais de duas cesáreas anteriores, a cirurgia é a indicação", lista Luciano. Cássio acrescenta o descolamento placentário prematuro e a desproporção entre a cabeça da criança e o canal do parto como fatores que levam os especialistas a recomendarem o parto cirúrgico.
Edílson o indica em casos de gravidez de gêmeos em que um dos fetos encontra-se sentado ou em gestações múltiplas de três crianças ou mais. Portanto, o pré-natal pode ser a melhor ferramenta para escolher qual parto realizar. Através dele é possível saber de antemão o que será mais seguro para a mãe e para a criança.
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