Pesquisa recente da IDA, a Associação Internacional de Dislexia, mostra que entre 5% e 17% da população mundial sofrem com o distúrbio. Os primeiros sinais podem ser detectados já no processo de alfabetização, pois crianças com o problema encontram mais barreiras na compreensão.
Dificuldades para ler e escrever, letra cursiva disforme e lentidão para aprender. Antes de sobrecarregar a criança de castigos e responsabilidades, procure investigar se ela não sofre do transtorno. Situações corriqueiras "como confundir a direita com a esquerda, dificuldade em usar mapas e amarrar os sapatos também fazem parte do diagnóstico de um dislexo", revela a presidente da Associação Brasileira de Dislexia, Rosemari Marquetti de Mello.
Para quem vive o problema ou convive com ele, é importante, antes de tudo, ter consciência de que não está lidando com uma doença. A fonoaudióloga Fabiana Werneck, da Clínica Movimentos, no Rio de Janeiro, esclarece: "Ressalto que a dislexia é uma dificuldade, não uma patologia. É um problema da linguagem que independe do sexo, do nível econômico e do grau de inteligibilidade, pois os pacientes com dislexia têm inteligência normal". Por esse motivo, a presidente da Associação Brasileira de Dislexia defende que os dislexos devem levar uma rotina comum: "Ele não é um deficiente. Ele tem todas as condições de frequentar uma escola normal, mas deve ser objeto de uma atenção diferenciada dos professores".
Os especialistas afirmam que o transtorno é invariavelmente genético, mas Rosemari Marquetti de Mello ressalva: "Não quer dizer que, seu o seu pai tiver, você terá. Pode pular algumas gerações. Isso decorre de alguns genes que apresentam cromossomos alterados, podendo vir do pai ou da mãe".
Um dos desafios para os dislexos é associar as letras com o som. "A criança ouve uma palavra e o cérebro identifica de maneira diferente. Por exemplo, letras como o 'v' e o 'f', que são muito parecidos, causam muita confusão", continua Marquette de Mello, que destaca o diagnóstico como a parte mais complexa do processo: "Ele deve ser feito através de uma equipe multiprofissional: psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e neurologistas. Fora isso, ainda existem os formulários dados aos pais e professores para avaliar as dificuldades externas ao paciente. É um diagnóstico por exclusão. Se identificarmos, por exemplo, uma menor inteligibilidade da criança, a possibilidade de ela ser dislexa está descartada".
O tratamento é feito de maneira educacional: "Com o diagnóstico pronto, a criança vai ser encaminhada para um fonoaudiólogo, que vai cumprir o papel de reabilitar e minimizar as dificuldades", conta Fabiana Werneck. Ela sugere que a terapia seja acompanhada de ajuda psicológica: "Essa dificuldade acaba gerando uma frustração. E quando essa criança tem dificuldade de lidar com isso é recomendável o apoio de um psicólogo. Muitas vezes a criança se fecha, fica insegura, envergonhada".
Por não se tratar de uma doença, a dislexia não tem uma cura. "Quem nasce dislexo, morre dislexo. Mas o ser humano tem uma capacidade fantástica de adaptação que, dependendo do treino, o paciente pode atingir resultados impressionantes", conta Marquetti de Mello, que faz coro com a fonoaudióloga da Clínica Movimentos: "O paciente vai carregar isso para o resto da vida. Ele precisa ser trabalhado e estimulado através de tratamentos fonoaudiólogos e também psicológicos, para, com o tempo, conseguir administrar essa dificuldade".
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