Para compreender como a homeopatia atua é preciso conhecer dois de seus princípios: o da semelhança e o da unicidade do ser humano. O nome "homeopatia" deriva do grego "Homoeos" (semelhante) e "Pathos" (cura), que significa "cura pelo semelhante", ao contrário da alopatia (medicina tradicional), que vem de "Alos" (outra) e "Pathos" (cura) e se traduz por "cura com o diferente". Isto quer dizer que a homeopatia entende que "todas as substâncias da natureza, tomadas em formas diluídas (amenizadas), têm a potencialidade de curar os mesmos sintomas que são capazes de produzir, pois estimulam o próprio organismo a produzir sua defesa", explica Sandra Abrahão Chaim Salles, homeopata e docente da Escola Paulista de Homeopatia.
Já segundo o princípio de unicidade, a homeopatia vê o ser humano como alguém indivisível. "Logo, os medicamentos homeopáticos são escolhidos de acordo com as características individuais de cada um e não de acordo com a doença. Várias crianças com rinite alérgica, por exemplo, apresentam sintomas e reações diversas e particulares", afirma Sandra.
Começando desde pequeno
Ao contrário da medicina tradicional, com suas bulas de remédios repletas de recomendações e possíveis reações, a homeopatia não possui contraindicação e pode ser usada até por bebês. "Ela contribui para a melhora de todas as funções orgânicas, tornando a criança menos suscetível aos fatores de adoecimento e ajudando em seu desenvolvimento saudável", explica Sandra. "Além disso, crianças e bebês são os que melhor respondem ao tratamento homeopático, visto que têm a energia vital totalmente voltada para o crescimento e desenvolvimento", explica Hylton.
A homeopatia tem sido amplamente requisitada na resolução de muitos problemas infantis como doenças respiratórias, transtornos do sono, dores relativas à dentição, otites, alergias, gripes, cólicas, diarréias, falta de apetite, conjuntivite, dores de garganta, sarampo, rubéola e até sintomas psicológicos - depressão, ansiedade, síndrome do pânico, hiperatividade, agressividade, autismo, déficit de atenção, problemas de aprendizado, medos e muitos outros. "Como não há separação entre o sujeito e suas alterações da saúde, não é raro você cuidar de uma criança portadora de alterações respiratórias que, por esse motivo, é agitada, inquieta e tem dificuldades em pegar no sono", explica Hylton.
Mesmo quando ainda são pequenos fetos dentro do útero, os bebês já podem se beneficiar da homeopatia. "Visto que o tratamento homeopático estimula a saúde e a vitalidade sem atacar o organismo e os órgãos, ele pode ser ministrado durante a gestação, repercutindo não só na saúde da mãe quanto na da própria criança que está sendo gerada", confirma Hylton. Segundo Paulo Rosenbaum, homeopata autor do livro "Homeopatia, medicina sob medida" (Publifolha, 2005), "ministrado corretamente, o medicamento homeopático pode até melhorar as condições gerais para o parto". Nada como uma forcinha a mais para garantir a chegada segura do seu bebê.
Ainda que a homeopatia respeite as reações naturais e o modo como o organismo se comporta na defesa das doenças, ela não deve ser confundida com uma medicina natural. "Ela se utiliza de remédios químicos em sua terapêutica (ainda que diluídos e dinamizados), assim como muitos fármacos usados na medicina comum são 'naturais'", afirma Paulo.
O principal motivo desse esclarecimento visa acabar com a ideia de que a homeopatia pode ser utilizada indiscriminadamente porque nunca provocará danos. "É verdade que os medicamentos homeopáticos são de ação suave, não intoxicam ou fazem mal. Mas isso não significa que sejam inócuos - caso o fossem, não tratariam os doentes", adverte Hylton.
Por isso, antes de iniciar um tratamento homeopático é necessário consultar um profissional especializado. "É ele quem irá escutar e estimular o paciente a descrever os transtornos que percebe e observa em si ou em seus filhos; a relatar o histórico do desenvolvimento físico, psíquico e emocional; características individuais como sono, transpiração, sensibilidades alimentares ou climáticas e também suas características comportamentais, psíquicas e afetivas", esclarece Sandra. Somente esse conjunto de informações permite ao médico compreender o indivíduo e seu processo de adoecimento, ajudando-o na escolha correta de seu tratamento.
Depois da consulta é preciso alguns cuidados na administração do remédio homeopático. "O recomendado é que eles sejam tomados, de preferência, pela manhã e em jejum. Não devem ser tocados e deve-se evitar alimentar o bebê logo após o uso da medicação", aconselha Paulo.
Destruindo mitos
Durante sua longa história, a homeopatia foi vista como uma medicina inferior à tradicional e até mesmo em oposição a ela. O que muita gente não sabe é que ambas são complementares e podem atuar em conjunto. "São práticas de cuidado que visam objetivos distintos, então, podem conviver e gerar associações positivas em casos específicos", afirma Hylton. "Somente em situações específicas, como o uso de corticóides ou imunodepressores, a resposta do organismo à ação do medicamento homeopático torna-se reduzida", adverte Sandra.
Se você ouvir que os homeopatas são contrários à vacinação, desconfie. "O que ocorre é que os homeopatas entendem que algumas doenças podem contribuir para o desenvolvimento do sistema imune dos indivíduos, logo, o que eles costumam contraindicar é a moda da vacinação contra tudo, contra enfermidades que são autolimitadas e que têm baixíssimo risco, como é o caso da rubéola, catapora, sarampo, gripe e outras", exemplifica Hylton.
Para os especialistas, existe um preconceito com relação à homeopatia. "Ela é resultado de um desconhecimento derivado da ausência de disciplinas de homeopatia nas faculdades da área de saúde, impedindo os indivíduos de observarem o grande beneficio que ela tem oferecido a uma população enorme no Brasil e no mundo", explica Sandra.
"Na área da saúde só é veiculado aquilo que interessa ao complexo industrial de medicamentos - que visa o lucro e o consumo de remédios e produtos farmacêuticos", justifica Hylton. Já Paulo acredita que o maior problema é a falta de verba para pesquisas. "Como a homeopatia não tem o mesmo respaldo para pesquisas que a medicina comum (que conta com os grandes laboratórios), seria obrigação do Estado subsidiar pesquisas para fazer avançar o conhecimento nesta área".
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