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Música ajuda bebês em UTI neonatal de hospital na Paraíba

Implantada há quase um ano, a musicoterapia tem melhorado o desenvolvimento de prematuros no Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa (PB)


Quando a UTI Neonatal do Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa, foi inaugurada, em dezembro de 2009, a coordenadora Alexandrina Cavalcante Lopes Galvão procurava não só equipar a unidade com o que havia de mais moderno, mas também implantar projetos humanizadores. "Percebemos que os recém-nascidos prematuros ficavam confinados e perdiam o vinculo com a mãe, já que não tinham a presença dela o tempo todo. Pesquisamos muito e buscamos um projeto que beneficiasse a mãe e os bebês, fosse de baixo custo e tivesse uma linguagem universal", conta Alexandrina.


Foi assim que começou o trabalho de musicoterapia. Pela manhã e ao final do dia, durante 30 minutos de silêncio total, os bebês escutam músicas clássicas, sons da natureza e canções de ninar. Os resultados foram praticamente imediatos. Um levantamento feito com os participantes do projeto mediu quatro parâmetros: freqüência cardíaca, temperatura corporal, freqüência respiratória e oxigenação. "Dos 100 bebês que já passaram pelo projeto, mais de 50% apresentaram melhoras em todos os parâmetros e apenas 12% não tiveram melhora em nenhum dos parâmetros". Segundo Alexandrina, a música age diretamente no cérebro e diminui o sofrimento de uma maneira visível: o rostinho fica menos enrugado, a expressão de dor diminui e o bebê fica menos agitado.






Desde o primeiro mês de vida, José Carlos Eduardo Batista da Silva, hoje com 6 meses, participa do projeto de musicoterapia. Ele nasceu com falta de oxigenação no cérebro, chamada de anoxia, e está na UTI neonatal do hospital desde então. A mãe Fabiana Batista da Silva, de 24 anos, diz que o filho reagiu muito bem ao tratamento. "Antes ele ficava mais paradinho. Agora, quando eu converso com ele, vejo que fica mais atento ao que eu falo. Acho que melhorou a auto-estima dele também". Fabiana participa da musicoterapia com o filho sempre que pode no período de 4 horas que passa na unidade, das 17h30 às 20h, todos os dias. E José tem suas preferências musicais. "Ele não gosta muito de Mozart, quando escuta fica agitado, se mexe bastante. Prefere música de ninar. A que ele mais gosta é a 'Hora do Banho'. Quando ouve, se acalma, fica tranqüilo", conta Fabiana.






Os benefícios do projeto vão além da saúde dos bebês. Além de ter diminuido o tempo de permanência dos recém nascidos na UTI neonatal, a musicoterapia deixou as mães mais tranqüilas e as aproximou dos filhos, já que elas também ouvem a música com eles. Até a equipe médica sentiu os efeitos positivos. "Eles adoram o momento, dizem que relaxam, porque também estão sob estresse dentro da UTI, cuidando dos bebês".






O tratamento também já acontece nas unidades mãe-canguru – terapia em que os bebês ficam em contato direto com um dos pais, sem roupa, com o objetivo de fortalecer a imunidade e ganhar peso – e no banco de leite. "Para as mães lactantes, a música diminui o estresse e aumenta a produção de leite", diz Alexandrina, que agora quer estender a musicoterapia para as salas de parto e o alojamento conjunto, e individualizar o procedimento. "Algumas mães já começaram a gravar com a própria voz as músicas que cantavam para os filhos quando estavam grávidas para que ele escute na UTI. Também queremos gravar a batida do coração da mãe". Tudo para ajudar os bebês a se recuperarem mais rápido e aproximá-los da mãe.

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