Cada vez mais, estudos têm revelado que as canções podem ajudar no desenvolvimento dos prematuros. Uma pesquisa recente mostrou que eles podem ganhar peso mais rápido ao ouvir Mozart
Quem nunca relaxou ao ouvir uma música de que gosta? Sim, canções fazem bem em qualquer fase da vida, e estudos têm mostrado que ela desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento dos prematuros.
Uma pesquisa recente, realizada pelo Tel Aviv Sourasky Medical Center, publicada na revista Pediatrics, mostrou que bebês que ouvem Mozart ainda na incubadora podem ganhar peso mais rápido.
A explicação ainda não é clara, mas, segundo os cientistas, os bebês que participaram do estudo tiveram menos gasto energético, ficaram mais calmos, além de terem a sua frequência cardíaca e respiratória mais baixa. Para eles, o que difere as composições de Mozart e seus benefícios de outros artistas é o fato de elas repetirem a linha melódica com mais frequência, o que ressoa em uma parte específica do cérebro. No entanto, os pesquisadores ainda vão avaliar, em estudos futuros, o efeito de outros gêneros de música nos prematuros.
Estudos anteriores, como o da Universidade de Alberta, no Canadá, já haviam sugerido que as canções auxiliam também no aprendizado da sucção e na redução da dor dos prematuros em procedimentos médicos. A análise, que partiu de nove estudos realizados entre 1989 e 2006, mostrou que é possível, em alguns casos, reduzir o uso de drogas e outras medicações nos bebês.
Música ajuda mães a amamentar prematuros
No Brasil, a música nos hospitais já vem sendo usada como estímulo da amamentação. As canções foram a solução para mães de bebês prematuros, internados na UTI neonatal da Maternidade Escola da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Elas foram avaliadas em um estudo chamado de Mame (Musicoterapia no Aleitamento Materno Exclusivo) e constatou que, das 94 mulheres avaliadas (a maioria com idade entre 21 e 30 anos), 88% das que participaram de sessões de musicoterapia no hospital ainda continuavam a amamentar na primeira consulta após a alta dos bebês.
A pesquisa foi conduzida pelos musicoterapeutas Martha Negreiros e Albelino Carvalhaes, e concluída no ano passado. Eles partiram do princípio de que, para essas mães, ansiosas e tensas, amamentar, muitas vezes, pode ser uma tarefa difícil. “O estímulo à produção de leite acontece apenas pela sucção do bebê. Mas a descida dele está muito relacionada a fatores emocionais”, afirma Martha. Ela conta que, durante as sessões, enquanto muitas mulheres cantavam, o leite finalmente descia. O foco foram bebês prematuros, com 1,750 kg ou menos.
A ideia para este projeto surgiu de uma experiência dos musicoterapeutas na UTI nenonatal da maternidade, onde, há 8 anos, eles conduzem sessões para as famílias dos bebês internados. Entre o choro das crianças, tão comuns em uma maternidade, é comum ouvir, duas ou três vezes por semana, os sons de violão, pandeiro, triângulo, além das mulheres cantando. O repertório vai de louvores religiosos a canções de Ivete Sangalo e Roberto Carlos, passando por Toquinho e até a banda Calipso. Ou seja, não importa o tipo de música, mas sim, que as mães possam aliviar a ansiedade, o medo e a tensão, sentimentos típicos de quem não pôde levar seu bebê para casa logo após o parto. “A experiência musical é carregada de afeto, mas é relativa para cada um. Os registros sonoros ficam armazenados na memória de cada pessoa de acordo com a sua experiência de vida”, explica Martha.
E não são apenas as mães que participam. Pais, tios, irmãos, vizinhos e amigos também são bem-vindos às sessões de musicoterapia. “Quando a mãe não volta com o bebê para a casa, todos ao redor são afetados”, diz Martha.
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